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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Justiça comercial


Você já ouviu falar em comércio justo?

Se não, tem uma vaga idéia do que isso significa?

Se pensou em uma nova relação de comércio em que, como diz o nome, se paga o valor justo pelo produto, acertou e errou.

O conceito é basicamente este, mas de novo não tem nada. Surgiu e ganhou forma na década de 60, quando foi criada na Holanda, a Fair Trade Organisatie. A preocupação era, e ainda é, não só o estabelecimento de valores condizentes com a qualidade e produção de determinada coisa, mas também de padrões sociais e ambientais, nas cadeias produtivas, podendo também ser definido como uma forma de consumidores conscientes, focados em sustentabilidade definirem uma parceria com pequenos produtores que aumentam suas possibilidades de acesso ao mercado, criando assim meios para melhorar a vida e o trabalho de grupos menos favorecidos nas relações comerciais.

E foi exatamente com este formato que o movimento chegou ao Brasil. Relacionando números a possibilidades.

Dados apontam que 47% dos cidadãos brasileiros, são atingidos pela pobreza. Isso significa que 80 milhões de pessoas entre crianças, homens e mulheres, não têm o básico necessário para viver. O que nos mostra a necessidade do desenvolvimento de estratégias, não só do Estado, mas de uma mobilização também por parte da sociedade civil, que edifique a pequena produção rural e urbana, como uma alternativa possível de trabalho e renda, promovendo um desenvolvimento sustentável local.

Nosso país conta hoje, com 21.859 estabelecimentos econômicos sustentáveis cadastrados pelo Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário, operando R$ 191.451.037,00, entre produção de agrícolas, alimentícios, têxteis e artesanais, segundo dados da própria organização. Dentre os maiores obstáculos enfrentados pelos empreendedores, está a dificuldade na comercialização. Do total de produtos, apenas 2,8% conseguem alcançar o mercado nacional, fixando as negociações em seus municípios de origem. Porém ao estender a análise em nível nacional, o fator indica altos índices de concentração de consumo dentro do Brasil, onde apenas o Estado de São Paulo concentra 60% do poder de compra do país.

A dificuldade então, estaria em fazer tais produtos chegarem aos seus interessados. O que nos atenta que o comportamento tão cobrado pelos “ecochatos” de analisar bem os produtos antes da compra no supermercado, dar aquela olhadinha no endereço para verificar a procedência industrial antes da compra, deve deixar de ser um comportamento idiossincrático e ganhar proporções maiores. Deve enfim virar uma pandemia que de doença, não teria nada. Seria sim a cura para um comportamento consumista inconsciente que degrada nossa sociedade e nosso planeta não devendo mais ser tolerado por nós mesmos.

É hora de fazer uma análise íntima: que tipo de consumidor você é?

E de lembrar-se que o comércio justo é uma via de mão dupla. Beneficia a que consome e a quem produz!


Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade

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terça-feira, 29 de junho de 2010

Entre francesas e americanas


Você já se deu conta do tamanho das porções que antigamente nos referenciava era o litro e agora é de dois e meio?

Lembrou? Que punhamos uma garrafinha de refrigerante em cima da mesa e servia a toda a família?

Tudo é mais agora. É mais cerveja, é mais batata frita, chocolate, biscoito? Esse nem se fala...

E o copo? Usávamos aquele de geléia pequeno que hoje deve fazer parte de algum acervo de museu do Quixeramubim.

O que aconteceu?

Ou melhor, já parou para se perguntar: a quem interessa tanto consumo???

Certamente não deve ser a suas veias e artérias. Ou seu coração.

Não quero ficar dando sermão em ninguém, sendo tachada de chata, aquela que alerta e consequentemente fica marcada como a estraga prazeres.

Ao contrário, uso o espaço para trazer luz a assuntos pouco debatidos e portanto esquecidos pela maioria no dia a dia corrido.

Então seguindo no raciocínio, nossos tamanhos também estão crescendo, junto com a voracidade da propaganda, que é contraditória quando se trata de manequins.

Afinal somos praticamente obrigadas a ter silhuetas de francesas comendo como americanas...



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Amor das cavernas


Não há mesmo regras para o sucesso de uma relação amorosa.

Todos, temos exemplos de pessoas que mal se conheceram, resolveram se casar e estão juntas até hoje, felizes; assim como o oposto.

Aqueles que namoraram anos, eram o referencial do grupo, serviam mesmo de modelo, tinham o famoso “tudo para dar certo”, só que s-e-p-a-r-a-d-o-s.

Daí o sucesso dessa nova maneira de conhecer pessoas: o Speed Dating.

É uma espécie da dança das cadeiras, onde um grupo de homens e mulheres num bar ou restaurante determinado tem apenas poucos minutos para se conhecer e decidir se vale à pena ou não repetir a dose.

Apesar de parecer estranho, ou pouco romântico, a modalidade, digamos, expressa, é bem mais confiável que as frequentadíssimas salas de bate papo da internet, onde não temos certeza de nada, nem mesmo se o sexo de quem tecla é verdadeiro.

Mas assim como o movimento do fast food que explodiu nos EUA na década de 40, foi recentemente superado pelo seu oposto o slow food, temos que observar essas inovações com cautela porque apesar de todos termos nossos níveis de carência e precisarmos de companhia, o mundo evolui a passos largos, mas o romance, o amor, ainda continuam pré históricos.

Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade

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Seleção da vida


Lí há pouco sobre uma pesquisa feita por uma universidade inglesa que afirmava que a quantidade de informação disponível no mundo dobra a cada ano. Pior, esse número está aumentando a cada cinco anos.

Traduzindo, como se ainda não bastasse tudo o que temos para fazer, agora, ainda para nos mantermos atualizados vamos ter que ler o dobro e rápido, porque em cinco anos nem isso vai ser suficiente!

Parece que a velocidade da vida aumenta a cada ano, tenho certeza que você já falou ou ouviu alguém dizer: “esse ano passou tão rápido... o verão já acabou!”

Essa sensação se dá porque a quantidade de informação disponível praticamente dobra anualmente com a era da informação.

São tantos modelos de aparelhos, novas formas de nos relacionarmos com eles, novos softwares, jornais, revistas, blogs, sites. Isso sem citar a moda, a gastronomia, tendências, pessoas, empresas, lugares...

Seria impossível ler tudo o que há. Comer, beber, visitar, aproveitar, aprender.

Portanto, os que se destacarão no futuro, serão os que tiverem desenvolvido um processo seletivo natural, onde serão capazes de otimizar seu parco tempo, somente naquilo que realmente importa.

Comecemos a praticar desde hoje.

Tudo é treino.

Tenho certeza que dirigir pareceu difícil a primeira vez que pôs o pé na embreagem.

O carro saltou como um cabrito e você teve medo. Depois, foi treinando, treinando, até ter a medida certa e hoje ficou tão fácil que chegou ao ponto de esquecer como foi o inicio.

Selecionar também pode parecer uma embreagem a primeira vista, mas com persistência e vontade, daqui a pouco, será tão orgânico, tão natural, que você vai jurar que nasceu seletivo.

Mãos a obra, nunca é tarde para começar.


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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Parada Obrigatória


Estou lendo um livro onde o autor se descreve aliviado por haver uma grande nevasca, daquelas em que não se ousa nem jogar o lixo fora de casa.

Curioso não?

Afinal, lutamos tanto para conquistar nossa independência, nosso direito de ir e vir, nosso progresso em todos os sentidos, para depois nos sentirmos gratos a um fenômeno da natureza que nos tiraria a culpa por termos legitimamente um dos instintos humanos mais primitivos: a preguiça.

Porque estamos nos exaurindo tanto, aceitando tanta cobrança?
Porque temos que consumir tanto, comer tanto e tantos outros tantos por aí que ficaríamos aqui páginas e páginas?

Essa imposição vem de fora para dentro, nós é que a permitimos entrar desavisados que estamos pelo corre-corre da vida que não nos dá tempo de reflexão crítica.

E foi justamente por isso que escolhi esse assunto para começarmos o ano, para lembrar que sempre é cedo para acordamos, para abrirmos nossos olhos de ver.

Treino é a base de tudo. Se você não veio assim, treinadinho de fábrica, esse acessório funciona como original quando bem instalado.

Procure somente uma boa oficina para dar uma breve parada na sua extraordinária máquina, e boa jornada.

Nosso novo português


Dei à luz Luca.

É assim que se escreve mesmo, não está faltando nada não.

Tive dúvidas se escrevia essa expressão ou se a substituiria por outra para causar menos explicações, mas cheguei a conclusão que esse debate chega a ser cômico, tendo em vista que às vezes, me pego falando errado propositalmente, para não ter que ser vista como alguém que sim, fala errado!!! Deu pra entender???

Tudo bem que os doídos “menas,” ( em substituição a menos ), “táuba” ( para tábua), largatixa, iorguti, e o campeão da confusão: “trezentAs gramas de queijo” ( em lugar de trezentos ) eu nunca tive coragem de usar, mesmo para me fazer entender, mas confesso que houve momentos em que sucumbí a um dar à luz ao Luca sim, eu confesso...

O português, apesar de lindo é dificil...agora então, com essa reforma, piorou...

Me pego ora ou outra voltando um parágrafo nos jornais, por conta de falta de acentos que diferenciavam por exemplo os verbos ver de vir nas suas conjugações, ou ainda pára de para.
Imagino que para um leitor eventual, ou àqueles que tiveram poucas oportunidades de estudo, o negócio tenha ficado pior. O sujeito só lia mesmo o caderno de esportes, agora nem isso...

Não que eu seja uma professora, longe disso, mas na tentativa de facilitar, acho que dificultaram.



Gente Biônica


Minha amiga fez uma cirurgia plástica. Não entendí bem o porquê. Não que seja contra as plásticas, ao contrário, sou a favor, tudo o que pudermos dispor para nos fazer melhores nesse curto tempo de vida vale.

Acontece que ela não precisava. Não há diferença. Ou melhor, para nós daqui, de fora, porque ela, acha que está outra.

Isso me fez pensar: para onde estamos indo?

Afinal, vale a pena correr o risco de uma intervenção importante dessas, juntinho aos olhos , se não houver algo crônico, iminente?

Meus amigos cirurgiões plásticos que me perdoem, mas , a indústria da beleza em alguns casos esbarra fortemente na premissa principal: a vida.

E é aí que devemos nos questionar e não nos deixarmos ser meros espectadores de nossas próprias vidas.

Como assim? Explico.

Hoje é comum vermos meninas novas, no auge dos 18 anos reclamando dos seios e pedindo aos pais uma plástica para aumentá-los, a famosa “turbinada”. Ora, mas nem que ela tenha se esforçado muito, ainda não deu tempo de destruir o que a naturaza sabiamente criou.

Isso sem falar nas inúmeras e infinitas lipoaspirações de que temos notícia que em alguns casos, deveriam mesmo era sugar os miolos de quem está é sem juízo.

Será que não estamos nos deixando levar por uma indústria que silenciosamente está dominando nosso inconsciente? Está me achando alarmista? Então olhe a sua volta nesse instante e diga se não há algum comercial de um produto milagroso ou um programa de emagrecimento que promete que depois de tomar apenas um shake diário você fica melhor que a Cleópatra...

Como disse no início, correções sadias, necessárias, ótimas, bem vindas, mas mulher e homem biônico, só servem mesmo nas histórias em quadrinhos...



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um final feliz


Você faz parte do filme da sua vida ou é daqueles que ficam na platéia, comendo pipoca e reclamando do roteiro?

Caso sua resposta seja a opção “b”, anime-se, sempre há tempo de mudar.
Esse negócio de estar velho demais para recomeçar, é desculpa de quem gosta mesmo é de poltrona.

Existem oportunidades em todos os ramos para quem realmente estiver disposto.

Muita gente está num emprego que não foi o que sonhou, ou desempregado, mas não se dá conta de que a busca de uma situação melhor passa necessariamente por um preparo custoso seja ele profissional ou pessoal.

Em outras palavras, a forma que nós mesmos nos vemos, é a forma que os outros nos vêem.
Num caso e no outro, soluções e providências são diferentes.

A capacitação, por exemplo, exige sacrifícios de curto prazo como somar à jornada de trabalho - já tão pesada - à volta às salas de aula.

Por outro lado o aprimoramento pessoal talvez não exija tanta transpiração. Está no campo da inspiração. Afinal, exige reflexão e um cuidadoso encontro com nosso próprio ser.

Nesse momento, o que vai contar mesmo, é o que você construiu dentro de si.

Algo que na verdade não tem custo externo algum.

Só sai de nós aquilo que está dentro.

Cuide bem do seu interior e prepare um belíssimo final para sua história.

Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade

Sub Total


Você já imaginou como seria bom se na vida tivéssemos a oportunidade de “pré morrer”?

É... de dar uma espécie de sub total, onde pudéssemos reavaliar nossa ações e atitudes e ainda termos depois a chance de voltar à vida, lépidos e fagueiros, consertando tudo o que porventura estivesse errado?

Uma pena não existir esse mecanismo, porque veríamos quantas bobagens foram valorizadas, quantos momentos bons deixamos de viver por pura pequenez...

Quanta alegria que deixou de ser vivida porque estivemos preocupados com o que no fim, não apresenta importância alguma...

Veríamos também os elogios que deixamos de entregar por egoísmo...

Sem falar nos agradecimentos... nas milhares de vezes que devíamos ter dito muito obrigada, você me ajudou muito mesmo, e até por distração ou preguiça não dissemos.

A literatura relata que pessoas que tiveram a oportunidade de passar por experiências desse tipo, de morrer e voltar, quero dizer, tiveram por exemplo, uma parada cardíaca, desacordaram, e por alguma razão que a própria medicina desconhece voltaram, se tornaram melhores, é , melhores do ponto de vista humano.

São mais felizes, menos reclamões, mais gratos pelo simples fato do dia raiar diante de seus olhos.
Podíamos viver de acordo com essa regra: a do sub total, onde valorizássemos somente o que de fato, tem valor.
A garantia é plena. Ser mais feliz!

Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
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Vira Casaca


Por ter feito jornalismo esportivo por muito tempo, sou uma das ainda poucas mulheres que discutem, por exemplo, um impedimento.

E aproveitando a palavra, conforme as barreiras mundiais vão sendo derrubadas, menos preconceito existe, e para não perder a piada, menos impedimento há em mudarmos.

Podemos por exemplo mudar de sexo.

Uma mulher querer virar homem já não é visto como absurdo.

O contrário, também pode se dar tranquilamente, com direito a novos documentos e novo nome.

De família é super comum, praticamente fazendo se sentirem “diferentes” aqueles que não mudaram, mantendo-se no formato original.

Se quisermos trocar a religião, também seremos bem vindos, vistos com ótimos olhos pela futura, a escolhida – como se a anterior fosse errada.

Partido político, nem se fala!

Agora com essa nova resolução da justiça, impondo a fidelidade, diminuiu bastante, mas se cumprirmos as exigências, mudamos e tudo bem, não haverá retaliação alguma.

Jogadores de futebol são os campeões em mudanças.

Trocam de clube descaradamente, mesmo depois de beijar seu escudo demonstrando verdadeira paixão.

Agora, se um vascaíno resolver torcer pelo Flamengo, ou um flamenguista for para o Fluminense, ou um tricolor se decidir pelo alvinegro, dá morte e tudo!

Tem até verbete: vira casaca

Afinal, dirão os leitores, isso é delito seríssimo, 21, ou melhor, 42 pontos na carteira!

Incrível não?

Porque alguns tiveram que decidir seus times ainda nas fraldas, quando seus pais praticamente os obrigaram a usá-las nas cores dos seus clubes prediletos.

Fica comprovado então que na opinião da maioria, tudo é menos importante que futebol.

Talvez venha daí a expressão: pátria de chuteiras!



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terça-feira, 22 de junho de 2010

Do nosso lado


Esse é um ano eleitoral.

Não estou fazendo campanha para ninguem, não se assuste…não direi números, partidos, nem falarei àquelas frases que tanto nos cansam…

Quero simplesmente esclarecer algumas coisas que me parecem ser tabú por aí.

Para comecar, frequentemente me pergunto o porquê dos jornalistas não falarem sobre esse assunto mais claramente, entao decidí fazer a minha parte e explicar algumas coisinhas fundamentais.

Começando do começo, temos no Brasil eleições a cada 2 anos, o que divide nossa república em também 2 níveis, ou seja, de uma vez, votamos em prefeitos e vereadores, na outra, em deputados, senadores, governadores, e presidente.

Em outubro, escolheremos nossos deputados (federais e estaduais), senadores, governadores, e presidente.

Dito isto, o que cabe esclarecer, é que em politica, não existe vácuo, não haverá espaços vazios, mesmo que digam que temos que protestar contra a pouca vergonha que nos cerca e anular nosso voto, ou votar em branco.

A verdade é que se não preenchermos esses cargos com gente decente, eles serão preenchidos com absoluta certeza; porém por indivíduos que freqüentam as páginas de polícia ao invés de política!

Nossa arma é nosso voto. É o único, e digo único sem sombra de dúvida,- momento em que somos todos iguais. Afinal até na hora da morte, os mais ricos são sepultados em caros e opulentos mausoléus enquanto os pobres são tidos como indigentes.

De nada adianta dizermos que não gostamos, ou que não queremos nem saber de política, porque ela te pega lá dentro da sua casa, mesmo que você se esconda debaixo da cama, porque é pela política que se decide o aumento do salário mínimo, a viabilidade do plano de saúde, os transportes o acesso a educação, a tarifa da energia elétrica, a da água...

Preciso dizer mais?

Nosso pais é feito de pessoas, de grupos, vilas, bairros municípios, estados... e se todos juntos nos interessarmos por esse assunto que caiu em descrédito e escolhermos melhores representantes, chegaremos a simples conclusão que o poder esta do lado de cá.

Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
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Royalties sem eira nem beira


Quando falamos em royalties, as opiniões são divergentes. E o polêmico assunto está na moda!
Há os que acham que o correto é dividi-lo em partes iguais com todos os Estados, sob a alegação que o mar é da União.

Há ainda os radicais que preferem a extinção da compensação, já que não vêem a aplicação efetiva do benefício em lugar nenhum e aqueles outros, que têm consciência do grande prejuízo que será para o estado e estão se mobilizando para mudar isso.

A realidade é que a grande maioria das pessoas desconhece as Leis, e o porque do Distrito Federal, estados e municípios produtores, terem direito ao recurso que de benefício, nada tem.
É uma compensação financeira.

Para melhor posicionar o leitor, que muitas vezes fica refém de palavras difíceis, a palavra royalty deriva do inglês royal e significa tudo aquilo que pertence ou é relativo ao rei.

Em tempos antigos, era um valor pago ao monarca. Uma compensação pela extração de recursos naturais da terra que governava como água, madeira, caça, pesca ou até mesmo o uso de bens de sua propriedade como moinhos e pontes.

Hoje, o termo é empregado para determinar a importância paga ao território que detém um produto, marca, processo de produção, obra original, patente de material, recurso natural e ainda pelos direitos de exploração, distribuição, comercialização ou uso de determinado produto ou tecnologia.

Aposto que estas linhas acima te esclareceram coisas que você nem imaginava. Portanto, a constatação é que o real significado da palavra vai bem além do que muitos de nós imaginávamos e algumas respostas já começam a dar o ar da graça.

É a maravilha da informação!

Aos que acham que dividir com todos é o correto, pois as plataformas e poços ficam em território da União, informo que trata-se de um direito estabelecido e assegurado por Lei aos Estados e municípios que são afetados, por sua exploração direta, ou pelo estabelecimento de instalações terrestres e marítimas de embarque ou desembarque.

Sendo assim, ao contrário do que se pode erroneamente pensar, não se divide parte dos lucros ou se paga aluguel do território marítimo com os royalties. A compensação acontece, devido ao investimento que é feito para garantir a infra-estrutura e a manutenção de estradas, por onde passa a produção.

Parte também é destinada a projetos como o Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam), que dirige parte da fatia que recebe, para atender à necessidade financeira de programas e projetos ambientais em todo o Estado do Rio, entre outros que você pode ter acesso com apenas um clique na web.

Mas essa história de compensação financeira e investimentos não são só flores!
Quem se lembra dos relatos de vazamentos em 1955, em São Sebastião - SP, e os danos causados a natureza e ao município? Será que os congressistas maranhenses, sulistas e tantos outros lembram-se deste fato e conseqüências?

E aquele ocorrido em 1974, no mesmo lugar, quando o petroleiro Takima Maru chocou-se com uma rocha e derramou aproximadamente 6.000 toneladas de petróleo no litoral paulistano?
E no Rio, quando o navio Tarik Ibn Zyiad despejou o mesmo volume de óleo cru na Baia de Guanabara e três anos mais tarde, com o petroleiro brasileiro Brazilian Marina, semelhante ao de São Paulo, provocou um vazamento com igual volume no mesmo lugar?

Você pode dizer que esses acidentes são antigos.

Não muito.

Há dez anos, por um problema em uma das tubulações da Refinaria de Duque de Caxias, algo em torno de 1,3 milhão de litros de óleo cru foram lançados na Baia de Guanabara.

Isso certamente em nada afetou a União, senão o Estado do Rio que perdeu em turismo, pesca, geração de empregos e outras áreas. A mancha de óleo atingiu uma extensão de 50 quilômetros quadrados, quase o total da área do Maracanã.

Apresentados os fatos, resta a pergunta: quem paga essa conta? Independentemente da resposta, uma coisa já sabemos. O prejuízo é nosso, uma vez que o ecossistema, após degradado, jamais será o mesmo novamente.

E para aqueles, que acreditam que melhor seria se não houvesse royalties, por não desfrutar dos benefícios, fica além da dica de pesquisar sobre o assunto, a informação de que a Constituição Brasileira divide a obrigação do bom andamento da cidade e estado entre o Poder Público e a população.

Então, fiscalize e denuncie!

Finalmente, para aqueles que acham um absurdo essa ação inconstitucional, estão cobertos de razão.

É um abuso explícito, sem eira nem beira, que precisamos sim, protestar e brigar pelos nossos direitos. E uma vez sendo politicamente responsáveis, interessados e atuantes, dificilmente seremos ludibriados ou passados para trás, elevando nossa consciência política e mudando efetivamente a cara do país.


Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade.

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Consumo consciente


O ato de consumir se traduz na sua decisão solitária diante da prateleira que determina o funcionamento de toda a engrenagem das cadeias produtivas.

O consumo consciente é uma expressão que congrega uma gama enorme de comportamentos, porque está contido nesse agregado, a consciência ambiental que é a mais propalada.

Mas o que dizer por exemplo, do consumo como indutor do desenvolvimento local em que o bairrismo leva a uma mudança na micro economia quando se privilegia a produção originária do seu entorno?

Quando escolhemos o produto do estado “A” onde moramos, em detrimento do estado “B” a 2 mil quilômetros de distância, contribuímos para que haja menos pessoas desempregadas na nossa cidade, e provavelmente isso vai representar menos desocupados , menos risco de segurança pública, e maior massa salarial de consumo nesse mesmo universo.

O consumo consciente tanto pode ser usado no conceito ambiental quanto no econômico.


Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade.

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José Saramáicol Jackson


A coluna de hoje é na verdade um apelo a todos vocês leitores.

Por favor, quem achar que está bom, ruim, quem quiser se manifestar a respeito do meu trabalho, que por favor, o faça em vida... é... porque estou aqui diante da tv mais uma vez assistindo a um longo, belo e comovente documentario da vida do nosso Saramago, documentário esse que tenho certeza, ele desfrutaria horrores caso tivesse a oportunidade de assistir.

Tratam da vida dele num passo a passo meticuloso, com tanto carinho e ternura que francamente, desperdício privarem o próprio de tal prazer.

Agora de que adianta? Não que ele não tenha sido reconhecido por sua produção, não é isso!

Mas nunca o sujeito teve tanto tempo e tantas repetições sobre sua obra quanto no dia da sua morte, não parece um contra senso?

Aliás, o Saramago nem é o melhor exemplo quando se fala dessa loucura: imaginem que assisti um especialista dizer que agora, pós mortem, é a melhor fase da carreira do Michael Jackson! COMO ASSIM???

Melhor fase cara pálida? Será que é preciso morrer, escafeder-se para então poder desfrutar de tal prestígio? É a consagração da sua carreira?

Eu estou correndo e muito disso, fora mesmo, então leitores queridos, por favor, manifestem-se enquanto é tempo, escrevam-me, porque o que se leva desse vida, é a vida que se leva...

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Agricultura é vida


Impossível mencionar a agricultura e não falar de história, sociologia e antropologia, já que ela é anterior à escrita e seu incremento se confunde com o desenvolvimento do pensamento humano e com a organização dos primeiros núcleos sociais.

Há cerca de doze mil anos, o homem percebeu que as sementes dos frutos que os alimentava, em contato com o solo originavam plantas que posteriormente produziriam frutos idênticos àqueles dos quais extraíram as sementes. Tal experiência aumentou a quantidade de alimentos, fazendo surgir as primeiras lavouras e com elas, o povo que antes era nômade, fixou-se num só lugar mudando o designo do homem de caçador para agricultor.

Nossos antepassados sejam africanos, asiáticos ou europeus, tiveram suas sociedades organizadas inicialmente com base na agricultura. No Brasil, as comunidades indígenas que aqui viviam, antes da chegada dos portugueses, praticavam a pesca, a caça e a agricultura, que talvez tenha sido um dos principais atributos aos olhos estrangeiros, que antes de tomarem conhecimento do Pau-Brasil ou das riquezas minerais, citaram em carta ao velho mundo, “que nesta terra, em se plantando tudo dá.” Com essa informação, foi dado início a devastação das nossas matas litorâneas. Primeiro em busca da madeira rara, depois pela cultura de exportação, como a da cana-de-açúcar e mais tarde o café. E foi exatamente a escassez de alimentos, devido ao esgotamento do solo, que levou os europeus a intensificarem suas pesquisas científicas e tecnológicas no final do século XIX e início do século XX, na busca de fertilizantes químicos, melhoramento genético, motores a combustão e máquinas. Por aqui, expandiam-se fronteiras agrícolas em busca de novas terras agricultáveis, sem pouco se importar com a destruição florestal. Foram as descobertas feitas no século XX que deram origem à agricultura moderna. Cientistas como Saussure, Boussingaut e Liebig desacreditaram a dita “teoria do húmus” de que as plantas poderiam extrair tudo o que precisavam a partir da matéria orgânica do solo, defendendo que o volume da produção agrícola é proporcional à quantidade de componentes químicos aplicados no solo.

Oficialmente, já não éramos mais colônia nessa época, mas pelas leis que regem o capitalismo, embarcamos na onda do agrotóxico, ignorando as palavras de Caminha e tudo aquilo que não precisamos de nenhum estrangeiro pra dizer. Temos terras a perder de vista, climas diferentes em diferentes regiões. Pra que influenciar quimicamente a produção, se a natureza está em nosso favor? Se tantos quilômetros de mata já foram devastados, o que temos não é suficiente?
Essas e outras indagações, engrossaram o coro dos “ecologicamente conscientes”. E pasme, não são tão atuais como se imagina. Um grupo de estudantes brasileiros da Universidade de Coimbra no final do século XVIII e início do século XIX, condenava o tratamento dado ao meio ambiente no Brasil naquela época, e escritos de José Bonifácio, garantira a continuidade das idéias ao longo da monarquia. O próprio D. Pedro, tinha a sua volta, intelectuais e naturalistas que conduziam o Museu Nacional e o Instituto Geográfico Brasileiro. Políticos e fazendeiros da corte do Rio de Janeiro, na época capital, já mostravam-se preocupados com as questões ecológicas, acreditando que o mundo urbano que estava sendo implantado, era um modelo indesejável do padrão de vida europeu.

Na década de 70, surgiu o termo “agricultura alternativa” e sustentabilidade. Podemos dizer que aí sim começou-se a fazer algo. Foram criadas organizações como a Internacional Federation on Organic Agriculture (IFOAM) além de normas de certificação de orgânicos.

No Brasil, encontros realizados em 81, 84 e 87 concentravam as críticas na degradação ambiental e nos meios tecnológicos sobrepondo condições sociais às políticas e ecológicas. Surgiam também algumas ONGs setoriais e o termo agroecologia.

A partir da ECO 92, no Rio, o termo sustentabilidade ganhou força e com ele os processos de certificação ambiental como os “selos verdes”, incentivando a produção sem uso de meios e processos que degradem o ambiente.

A evolução é um processo lento e é importante acreditar que estamos no caminho certo. Uma trilha construída tijolo a tijolo que tem como matéria base o conhecimento e o raciocínio. Não podemos agora em pleno século XXI, depois de testar o certo e o errado, retroceder e culpar a agricultura de todos os problemas ambientais.

Esse não é o caminho.

Devemos sim valorizar essa arte e seus artistas, parando de enxergar o agricultor como o matuto ignorante que pouco conhece de modernidades. Uma herança errada deixada por Monteiro Lobato e seu “Jeca Tatu” que tantos “ Nersos da Capitinga” e “Jecas Gay” nos fazem acreditar até hoje. São eles que põem a comida em nossa mesa e somente através do trabalho suado, sol a sol dessa gente, é que temos acesso à matéria prima pra fazer remédios, roupas, papel, borracha e tantos outros itens de primeira necessidade que depois de prontos, ninguém quer saber de onde vieram.

Precisamos repensar a agricultura familiar que hoje representa mais de 84% dos imóveis rurais do país e é responsável por aproximadamente 40% do valor bruto da produção agropecuária e por uma parcela significativa dos alimentos que chegam à nossa mesa, como o feijão (70%); a mandioca (84%); a carne de suínos (58%); de leite (54%); de milho (49%); e de aves e ovos (40%).

A poder público e algumas ONGs, tem feito sua parte através de vários órgãos como as Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) existentes em todo país dando suporte e investindo para que os agricultores familiares tenham mecanismos para fazer agricultura sustentável.

A feira “Brasil Rural Comtenporâneo” que nas suas duas últimas edições aconteceu na Marina da Glória no Rio de Janeiro mostrou a força da agricultura familiar no país. Um sucesso de público que poderia ter sido muito maior se nós, cidadãos, estivéssemos um pouco mais dispostos a saber o que podemos fazer como indivíduos, parte de uma sociedade.

E isso vai além de simplesmente criticar a agricultura e os agricultores sentados na poltrona assistindo novela. Temos que botar literalmente as mãos na massa, nos informando mais, conhecendo a fundo a história e a relação da agricultura e do homem e acima de tudo, consumir com consciência, preocupando-nos com segurança alimentar que nada tem a ver com a qualidade dos alimentos como se pode erroneamente pensar, mas sim no equilíbrio entre o que se produz e se consome.

Quem sabe assim, trocamos de vez o título de sociedade do consumo pelo de sociedade da consciência.


Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Água dourada


Desde os primórdios, o homem cultua o que é belo e raro. Assim é com as esculturas, obras de arte, jóias, e aí entram as pedras preciosas e os metais, que quanto mais raros, mais valorizados.

Talvez seja essa a razão de encontrarmos tanta dificuldade numa consciência coletiva do valor e da importância de se preservar a água, porque ela é tão abundante, que frequentemente ouvimos dizer que nosso planeta bem podia se chamar água, em vez de Terra, pois ocupa 71% da superfície e nosso potencial hídrico subterrâneo é 100 vezes maior que o das águas superficiais.
Já dizia a velha canção sem hipérbole alguma, que moramos num país tropical abençoado por Deus. Aqui a natureza não economizou em nada. Em termos de potencial hídrico, nosso volume médio anual é de 8.130km³, o que resulta em mais de 508 mil litros de água por habitante ao ano, ou seja, uma piscinas olímpica cheinha para cada um de nós brasileiros.

De toda a água doce disponível no mundo, 11% está em nosso território. A Amazônia, maior floresta tropical do planeta, é a mais rica não só em espécimes da fauna e da flora, o que garante a maior biodiversidade, mas também o lugar mais opulento em água potável superficial. Além disso, somos donos de gigantescas reservas em quase todos os Estados, exceto no semi-árido do nordeste. Sem contar com os aquíferos subterrâneos resultantes da contínua atividade cíclica hídrica, onde uma parte da água proveniente de rios, mares lagos etc. evaporam e retornam à superfície em estado líquido sendo atraídas pela força da gravidade penetrando nas rochas porosas, constituindo um manancial de área maior que os territórios da Espanha, França e Inglaterra juntos. Sem nos esquecer da menção ao pantanal, considerado a maior planície de inundação.

O Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo, tem dois terços localizados em território brasileiro sob os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o restante dividido entre Argentina, Paraguai e Uruguai. Calcula-se que seu potencial seja capaz de abastecer quase o dobro da população brasileira, cerca de 360 milhões de pessoas com seus mais de 40.000 km³ de água, índice superior a água de todos os rios e lagos do planeta o que nos garantiria abastecimento sem reciclagem ou reaproveitamento por milhares de anos.

Tudo isso já seria mais do que suficiente para nossa subsistência, no entanto, uma recente descoberta aumentou ainda mais nosso potencial hídrico: o Aquífero Alter do Chão, um reservatório fronteiriço que o Brasil divide com Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, tem uma extensão 3 vezes maior que a do Guarani, já considerado o maior volume de água potável do mundo. Localizado sob os estados do Amapá, Pará e Amazonas, tem volume d` água suficiente para abastecer cem vezes a população mundial com 86 mil km³ de água doce disponível.
Foi essa grande disponibilidade de água que nos fez viver até bem pouco tempo com a ilusão de que nunca sofreríamos pela sua falta.

Ilusão mesmo!

Vide as sucessivas secas, apagões e racionamentos que volta e meia temos que enfrentar.
Não podemos esquecer que embora tenhamos muita água disponível sua disposição é desigual. A região Amazônica, por exemplo, corresponde a 54,48% do território e concentra uma população de 1 habitante por km², enquanto a Região Norte com seus 79,7% de potencial hídrico e 7,8% da população. A situação é semelhante quando se compara a situação continental.
A América do Sul descansa 6% da sua população em 26% das águas mundiais enquanto os asiáticos, que são 60% do planeta, tem que rebolar com seus 36% de recursos hídricos.
Embora o planeta tenha 71% da sua superfície coberto por água, apenas 3% é doce e somente um terço é acessível, e todo o resto está nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos.

A falta de saneamento, também é um agravante, são 3 milhões de mortes anuais, na maioria crianças, 1,8 milhão segundo relatório da ONU e mais de 1 bilhão de doenças provocadas pelo consumo sem tratamento.

Turquia, Iraque e Síria vem atravessando sérias desavenças por conta do domínio da água dos rios Tigre e Eufrates que cruzam os países, mas tem nascente em território turco. O exemplo confirma os dados de que cerca de 50% das terras emersas enfrentam escassez de água e que a cada 5 indivíduos, um está privado de consumi-la, e pasmem, metade da população da Terra, não tem rede de abastecimento.

Tanta abundância nos fez esquecer que a água é um bem finito, como nossas professoras ainda em nossa primeira infância, muito bem nos ensinaram, é um recurso natural não renovável. E quando foi que demos a esse ensinamento o devido valor?

Sustentamos ao longo da nossa existência uma cultura de desperdícios. São horas lavando o carro nos finais de semana, horas no banho, escovamos os dentes com a torneira aberta, todos hábitos passados de nossos avós para os nossos pais que por sua vez nos repassaram e que responsavelmente não devemos tocar adiante. O fato é que a atual carência de água é o resultado de uma combinação de efeitos naturais, demográficos, sócio-econômicos e também culturais. Temos poluído indiscriminadamente nossos mares, lagos e rios, despejando toneladas de resíduos sólidos diariamente, exterminando a biodiversidade marinha e espalhando doenças que matam a nós, e nossas crianças.

Deixemos de achar que a água é um recurso abundante e de poupar só pra não sentir no bolso quando vem a conta. Está na hora de abandonarmos a condição de utilizadores da natureza e a crença de que com tecnologia resolveremos todos os impactos negativos que causamos ao ambiente e ao meio natural. Segundo o geógrafo Nelson Bacic Olic, ao longo do século XX, a população mundial foi multiplicada por três, as superfícies irrigadas por seis e o consumo global de água por sete, e ao mesmo tempo, nas últimas cinco décadas, a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas em um terço. Já no início do século XXI, a água já é considerada o bem mais valioso, e o Banco Mundial necessitará de investimentos em torno de Us$ 800 bilhões em todo o mundo para que ela não falte.

Declarações da ONU afirmam que se o consumo indiscriminado permanecer, até 2025, 2,7 bilhões de pessoas vão sofrer pela sua falta.

A água é indispensável a vida, e depois de todas estas constatações, o que se pergunta é: de que valerá tanta riqueza, tanta conquista, se não tivermos a disponibilidade de nosso bem maior, ao qual ouso até chamar do verdadeiro ouro branco?



Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
www.responsahabilidade.org.br
presidencia@responsahabilidade.org.br
Twitter: @ClaudiaCataldi

terça-feira, 1 de junho de 2010

Passageiros


Estamos todos juntos pirando?
É tanta informação, tanta demanda, tanta coisa para fazer, para dar conta, que não há e não haverá jamais, tempo no mundo suficiente para enfim dizermos: acabei!!!
Terminamos um dia ainda tendo mil afazeres, sem ter lido tudo o que tínhamos que ler, sem visitar ou telefonar a todos que precisávamos, sem responder a todos os mails que nos mandaram...uma pressão tremenda...
E seguimos nessa batalha diária, na ilusão de que esse momento uma hora vai acontecer, nos enganando por não prestar atenção e observar o que está na nossa cara: a cenoura está comendo o coelho!
É isso aí, a tal da tecnologia, que nos foi originalmente apresentada como uma ferramenta de ajuda muitas vezes atrapalha.
Quem ainda não ficou plantado criando raiz num banco, porque o sistema caiu, ou ligou para um 0800 da vida e depois de vencer milhares de etapas digitando os 3 últimos algarismos do cpf, dizer o nome da bisavó e recitar Camões, teve que contar até sabe Deus quanto para começar tudo de novo porque todos os atendentes estavam ocupados? Sem esquecer da melhor: a famigerada impressora que justo quando estamos imprimindo o trabalho da nossa vida dá pau??? Hein?
Não sei aonde vamos chegar correndo tanto, nos arriscando a perder o que há de melhor da viagem: a viagem.
Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
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