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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Justiça comercial


Você já ouviu falar em comércio justo?

Se não, tem uma vaga idéia do que isso significa?

Se pensou em uma nova relação de comércio em que, como diz o nome, se paga o valor justo pelo produto, acertou e errou.

O conceito é basicamente este, mas de novo não tem nada. Surgiu e ganhou forma na década de 60, quando foi criada na Holanda, a Fair Trade Organisatie. A preocupação era, e ainda é, não só o estabelecimento de valores condizentes com a qualidade e produção de determinada coisa, mas também de padrões sociais e ambientais, nas cadeias produtivas, podendo também ser definido como uma forma de consumidores conscientes, focados em sustentabilidade definirem uma parceria com pequenos produtores que aumentam suas possibilidades de acesso ao mercado, criando assim meios para melhorar a vida e o trabalho de grupos menos favorecidos nas relações comerciais.

E foi exatamente com este formato que o movimento chegou ao Brasil. Relacionando números a possibilidades.

Dados apontam que 47% dos cidadãos brasileiros, são atingidos pela pobreza. Isso significa que 80 milhões de pessoas entre crianças, homens e mulheres, não têm o básico necessário para viver. O que nos mostra a necessidade do desenvolvimento de estratégias, não só do Estado, mas de uma mobilização também por parte da sociedade civil, que edifique a pequena produção rural e urbana, como uma alternativa possível de trabalho e renda, promovendo um desenvolvimento sustentável local.

Nosso país conta hoje, com 21.859 estabelecimentos econômicos sustentáveis cadastrados pelo Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário, operando R$ 191.451.037,00, entre produção de agrícolas, alimentícios, têxteis e artesanais, segundo dados da própria organização. Dentre os maiores obstáculos enfrentados pelos empreendedores, está a dificuldade na comercialização. Do total de produtos, apenas 2,8% conseguem alcançar o mercado nacional, fixando as negociações em seus municípios de origem. Porém ao estender a análise em nível nacional, o fator indica altos índices de concentração de consumo dentro do Brasil, onde apenas o Estado de São Paulo concentra 60% do poder de compra do país.

A dificuldade então, estaria em fazer tais produtos chegarem aos seus interessados. O que nos atenta que o comportamento tão cobrado pelos “ecochatos” de analisar bem os produtos antes da compra no supermercado, dar aquela olhadinha no endereço para verificar a procedência industrial antes da compra, deve deixar de ser um comportamento idiossincrático e ganhar proporções maiores. Deve enfim virar uma pandemia que de doença, não teria nada. Seria sim a cura para um comportamento consumista inconsciente que degrada nossa sociedade e nosso planeta não devendo mais ser tolerado por nós mesmos.

É hora de fazer uma análise íntima: que tipo de consumidor você é?

E de lembrar-se que o comércio justo é uma via de mão dupla. Beneficia a que consome e a quem produz!


Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade

presidencia@responsahabilidade.org.br

www.responsahabilidade.org.br

www.twitter.com/ClaudiaCataldi

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